segunda-feira, 4 de abril de 2011

Pergunte aos alunos se a felicidade é apenas um estado de espírito




Bases Legais
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Conteúdo
Atitude filosófica e vida cotidiana

Objetivos
Debater sobre a construção de uma imagem de felicidade criada pela indústria do consumo
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REPORTAGEM DA VEJA:
  • Uma definição de felicidade
Introdução
A busca pela felicidade é uma atitude recorrente em nossas vidas. Fazemos (quase) tudo para realizar velhos sonhos, conquistar espaços, buscar reconhecimento, suprir carências – enfim, ser felizes. Mas há o reverso da moeda: para muita gente, atingir tal estágio virou uma espécie de dolorosa obrigação. Esse fenômeno inusitado, apontam os especialistas, deve-se principalmente às imagens de felicidade ideal produzidas pela chamada indústria do consumo. Elas nos induzem a estados de alegria, mesmo que estejamos tristes, insatisfeitos com nosso trabalho, nossas vitórias, nossa vida. Para Stephen Kanitz, colunista de VEJA, ser feliz é tentar alcançar os próprios sonhos – e fazê-lo com a consciência das limitações que cada um de nós tem nessa empreitada. Kanitz também recorre a balões como metáforas da alegria e, como exemplos a ser repensados, cita jovens que querem salvar o mundo prematuramente e executivos que sofrem da “fossa do bem-sucedido”. Leia com a turma o artigo da revista e explore este roteiro de aula. Eles permitem discutir como o conceito de felicidade mudou ao longo do tempo. Deixe claro que a lição será marcada por muitas perguntas e poucas respostas, como pede um bom bate-papo filosófico.

Leve para a classe CDs com canções que exaltam a felicidade – ou lamentam sua ausência. Tom Jobim, Vinícius de Morais e Lupicínio Rodrigues estão entre os artistas que abordaram o tema. Divida a turma em equipes. Cada grupo deve receber uma cópia dos quadros apresentados nestas páginas.

Execute trechos das músicas pré-selecionadas. Em seguida, proponha que os alunos escrevam, sem se identificar, seus conceitos pessoais de felicidade. Troque os textos entre eles. Há definições muito díspares? Em que as respostas se assemelham? Recorra também ao futebol como metáfora da felicidade. Fale das sensações de euforia, alegria e, em diversos casos, frustração que acompanham os torcedores de times rivais. Como os garotos se comportam frente aos resultados das partidas? E as meninas, a que situações costumam reagir de modo tão extremado?

Atividades
Oriente a leitura do ensaio de VEJA e diga que uma mesma condição pode gerar grande felicidade para alguns e igual tristeza para outros. Destaque os jogos de palavras do texto – inflando, desinflando, erro, acerto – e explore a passagem que menciona o jovem idealista que quer mudar o mundo com o que aprendeu no primeiro ano da faculdade. Os estudantes conhecem alguém assim? Exiba a ilustração da página abaixo e aponte os principais estereótipos que o personagem sugere. Estimule a turma a comentá-los.

Pergunte que profissão cada um dos alunos deseja seguir e o que pretende fazer para alcançar tal objetivo. O que parece mais importante: dedicar-se a uma atividade que renda dinheiro de imediato ou concretizar o sonho profissional mais precioso, mesmo que isso demande muito tempo?

Fale sobre o que a sociedade nos impõe como requisitos necessários para obter a felicidade. Os jovens se sentem influenciados, por exemplo, por imagens difundidas pela publicidade televisiva? Lembre que uma das situações mais clássicas é a que apresenta uma família contente durante o café da manhã – um ícone típico dos anúncios de margarina. Todo mundo dispõe de meios para experimentar esse padrão de satisfação? Até que ponto o modelo proposto pela propaganda é original? Ele espelha desejos coletivos? As respostas devem permear noções de sucesso profissional e financeiro. Segundo os jovens, vale a pena um indivíduo sacrificar ideais e vocações para sujeitar-se a determinados tipos de trabalho em troca de bons salários e, assim, ter acesso à felicidade dos anúncios?

Passe à leitura coletiva dos pequenos textos com as idéias dos filósofos. Ressalte que eles não se preocuparam, em suas respectivas épocas, com regras morais para a boa conduta e com a maximização da felicidade. Desafie os grupos a adaptar as idéias de Sartre, Stuart Mill, Voltaire e Epicuro para os dias de hoje. Há alguma moral comum a todas as linhas de pensamento? Anote as sugestões no quadro-negro. Cite as dificuldades de quem vive na sociedade contemporânea para alcançar a tal felicidade. Que tipo de pressão é imposto pelas novas necessidades e formas de diversão? Quem consegue comprar os computadores mais modernos, home theaters de última geração e carros de luxo do ano? Como se sentem os excluídos desse mundo de consumo? Recorrer a drogas antidepressivas, que prometem felicidade por intermédio da química, é uma boa saída? O sorriso e o bem-estar podem ser comprados? Por quê?


Epicuro (340-270 a.C.)

Filósofo da Antiguidade grega, foi um materialista. Para ele, o universo era feito de partículas indivisíveis – os átomos –, incluindo aí corpos e espíritos dos homens e dos deuses. Dessa forma, sua filosofia desemboca numa crítica da intervenção divina nas atividades humanas. Para Epicuro, o bem maior era a busca de prazeres moderados, como a tranqüilidade e a ausência do medo, por meio do conhecimento. Essa filosofia recomendava também a abstenção de excessos como forma de prevenir desilusões posteriores.

Voltaire (1694-1778)

Pseudônimo literário de François-Marie Arouet. Foi um dos autores mais importantes do chamado iluminismo na França. Escreveu peças teatrais, poesias, contos, romances e ensaios filosóficos. Sua obra mais conhecida é Cândido, de 1759, romance que ridiculariza o preceito de que “tudo é para o melhor neste, o melhor de todos os mundos”, numa referência implícita aos horrores da Europa no século XVIII. Em suas polêmicas, Voltaire atacava o otimismo filosófico e religioso.

John Stuart Mill (1806-1873) 
Filósofo inglês e economista político importante para todo o pensamento liberal, abraçou o utilitarismo, corrente fundada por Jeremy Bentham no século XVIII. Um exemplo interessante de sua preocupação com a liberdade é o seu princípio de que as pessoas poderiam se comportar como quisessem, desde que isso não prejudicasse os outros. O utilitarismo pode ser pensado como uma ética que prega mais felicidade para o maior número de pessoas. Para Mill, o correto era seguir as regras (e não somente os atos) que garantiriam a maior felicidade possível.

Jean-Paul Sartre (1905-1980)

Pensador francês e fundador do chamado existencialismo, ganhou celebridade nos anos 50. Pregava que a experiência humana precede qualquer julgamento moral, divino ou qualquer essência. Ou seja, para ele não havia regras fundamentais, sagradas ou essenciais que pudessem guiar nossas atitudes e nossos valores. Essa filosofia, influenciada por Nietzsche, é criticada por supostamente celebrar o niilismo. Seus defensores argumentam que não se trata disso, mas de construir referências próprias, sem imposições.

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